quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Antiga

- Você é antiga.
- E você não é a primeira pessoa que me fala isso.
- Consigo te ver de vestidos rodados, e meias soquete com sapato. Cintura marcada, e cabelos enrolados. Buscando o leite em garrafa de vidro, a cada manhã. Congelaram o protótipo de mulher ideal das décadas passadas, e por isso é que você já veio ao mundo com opinião, grandiosa. Mulher.
- Isso tudo é o que você fantasiou.
- Você gosta de telefone celular? Não. Você se diverte nas festas com música eletrônica, superlotadas? Detesta. Você não sabe levar relacionamentos inseguros. E quando cede alguns beijos sem compromisso, se ressente todinha, que eu sei.
- São referências, e não fatos. Mesmo gostando muito desse rótulo retrô, acho que as modas voltam. Mudam pouco, rodam ciclos, e retornam. Mais alguns anos, e a promiscuidade cede lugar ao modo vintage de ser, o novo must have.
- Consigo ver você tragando em piteiras enormes, farta de jóias, impecável numa cozinha fazendo o almoço café e jantar, para o marido e os filhos famintos.
- Gosto de cozinhar. E caso quisesse escrever nas horas vagas, será que algo visto com bons olhos no meu verdadeiro antigo tempo?
- Se seu marido fosse um liberal, acho que tudo bem. Admita: você pilota muito melhor fogão, que automóvel. Prefere cartas, longos escritos, às tão banalizadas conversas instantâneas. Esperou para se dar inteirinha para um cara que te ligaria no dia seguinte. Já tomou seus porres, coisa que até os mais idosos de alma fazem, desde os primórdios tempos. Apenas tem preferido a discrição atualmente, o que é respeitável de uma peça antiga como você. Não beija mais que dois na mesma festa, mesmo se for o príncipe dos seus sonhos (que eu tenho certeza que existe no seu lado idade média, admita também). Aliás, se descobriu no barzinho. Cansou do ritmo acelerado e dos papos fúteis da noite badalada. Você está é em extinção.
- Tudo bem, eu admito sim todos esses fatos. Com certo orgulho, talvez. Mais alguma acusação?
- Você não tem piercings, e nem tatuagens. Abre mão das drogas ilícitas, usufruídas por praticamente todo jovem atual. Por você, o cara só beijaria sua mão no primeiro encontro. Pediria em namoro aos seus pais, como sinal de respeito. E o noivado? Numa grande festa, pedindo a sua mão com um anel enorme em brilhante.
- Verdade, verdade. E quem não quer esse romantismo arcaico? Passear de cavalo com longas tranças, ser salva do tédio não sei se pelo príncipe, mas algum Robin Hood da era moderna, que dá alegria à quem precisa, e a tira de quem não valoriza o sorriso com bravura? Muita mulher é assim, e apenas não se assume ser arcaica.
- Você sonha em viajar para o velho continente, Europa, que eu sei também. Escuta as músicas que seus pais hierarquizaram para você, e gosta disso. Não compreende a bissexualidade, mas aceita os homossexuais como quem quer abraçar alguém logo após um acidente: cheia de compaixão. Trair, para você, além de falta de amor é algo imperdoável. É tímida, só se soltando quando já conhece bem o terreno em que pisa. Não faz amizades por conveniência, e nem sai sorrindo por aí, efusiva. Se fecha com seus livros, e mundos paralelos. Satisfeita com sua família, amigas, e outros pouco selecionados. Você é a antítese, o paradoxo.
- O que é contrário sempre se associa a certo medo, e quem sabe, prazer. Não quero ter que provar que gosto do que repugno e aceito o que acho intolerável apenas para agradar aos moderninhos de plantão. Tenho pavor de montanha russa, e a imbecilidade dos jovens quando em bando me dá náuseas. Sou feita para andar em par, em trio. Festa é algo pra de vez em quando, se não deprimo logo. Todas aquelas conversas montadas, as relações superficiais em que um quer mostrar ter mais que o outro me fazem bocejar. Para escapar da rotina, é que ensaio a tentativa de me parecer com todos os outros, ocasionalmente.
- Vão querer te xerocar, qualquer dia. Uma clonagem em massa, do fenômeno que é não pertencer a esse mundo superficial.
- Daí me reinvento mais uma vez, não para seguir algum modismo, mas sim para camuflar a essência um pouquinho, e escapar sem demais arranhões.
- E se você esconder tão bem e o Robin Hood não te perder de vista?
- Jogo pelo caminho um pouco do elixir da essência: é o que marca, fica, e aponta as setas de quem a gente realmente quer encontrar. Antiga, ou não.

Mulher pra casar

Ta aí. Entendi, eu acho. Depois de uma pilha de relacionamentos frustrados, e mais uma fila, de gente arrependida, eu não sou categorizada como mulher pra namorar. E não, não fico triste. Até abro um sorriso. Não sou mulher pra namorar. E o maior problema nisso tudo: sou mulher pra casar! É isso mesmo. Todos querem me congelar. Pensam em me guardar num potinho; quem sabe pra daqui uns anos, ou algum dia, quando a tão falada estabilidade financeira chegar. Depois que dou as costas, acabam se tocando que como eu, mais nenhuma. Poucas, quem sabe. E vão penar até encontrar. Existe uma diferença, mesmo que sutil, entre mulheres namoráveis e musas pra uma vida inteira. E as declarações póstumo-amorosas que escuto dos coitados que não aproveitaram a chance maravilhosa que era me ter ao lado, e não souberam aproveitar, reforçam ainda mais o coro. Ficam no pé por dias. Alguns, estão implorando à meses. Pode demorar, mas voltam. Sempre, sempre. Isso, se você for menina de véu e grinalda, que se sonha em deitar sob a grama e olhar as estrelas. Se não, desculpa, mas você fica na categoria de temporárias. Uma pena. Mulher pra casar é aquela que sai com os pés firmes, e sabe o caminho de volta. Consegue adequar sua vida, com ou sem um cara. A sonhadora de tempo-curto, coloca outro, ou até mesmo, no plural, no lugar. E ainda assim, não é feliz, se embola ainda mais em encontros mornos, amores requentados e chances boas desaproveitadas. A futura casada chora tudo que tem pra chorar num dia, ou no máximo dois. Fala o que tem a dizer, e escuta de pé o que não precisaria ouvir. E ainda assim, mantém a sua integridade, e caminha sorrindo, sabendo que a vida pode lhe reservar surpresas mil, quem sabe na próxima porta. Ou janela. A apenas-namorável não diz o que pensa, muito menos o que sente. E continua a procurar o mal-feitor, aquele que já está em outra, e nem aí. Fingindo ser superior, e não notando, o quão ridícula pode soar, com todo o seu teatro. Realmente, uma comédia. Casável, e sua vida própria; namoradinha, e largo tudo pra te ver. Agorinha. Na mão, quando quer. Uma desvalorização que beira ser pior que a Bolsa de Valores. Mulher pra casar mantém intactas as suas prioridades, e mais: seus gostos. Não é porque o rapaz curte um pagode, que ela larga o seu bom e velho rock de lado. Continua pintando as unhas de cores experimentais. Não afoga seu estilo moderno, porque ele é conservador. Faz mais do que isso: consegue a façanha de o fazer amar tudo isso. Ela encanta. E o deixa também encantado. Sabe se adequar às diferenças, e que além de tudo, dão cor aos (bons) relacionamentos. Ele não se sente preso. E sim, quer prender essa criatura encantadora a qualquer custo. Não pode, e nem quer, deixar pra mais ninguém. Pena que, se dêem conta disso somente depois de algumas pisadas na bola; e a guria já longe, alheia. Distante. A menina para namorar, não. Finge gostar do que detesta, e vai além com seu script: gosta de tudo o que o cara gosta. Tudinho. Pra estar grudada, enclausurada, unida nele. E não percebe, que se mantém cada vez mais longe, é do coração que queria atingir. Qualquer coisa está boa. E é assim que ele a vê: qualquer coisinha. Aperitivo. Mulher pra casar, e seu jeito único. Garota de namoro, e a atitude que tantas tiveram. Seu tempo, ruindo com o vento. Ampulheta baixando, e tic-tac: hora de dar tchau, sábios Teletubies. Quase-noiva e amor com sexo; namorada, e sexo sem amor. Tesão, apenas. Válvula de escape. Mulher pra casar, e nenhuma preocupação em agradar; menina da vez, e apenas porque era o momento DELE de dar um tempo das festas, e parar. E surpresa: você estava ali, sem nada melhor. Ele também, acredite. Casável, e sua marca registrada. Eterna. Namorável, e uma a mais na lista. Temporária. Aquela que se sonha em ver rodeada de filhos, e pilotando um fogão, e não tem nenhuma vontade disso. E sim desejo de viajar, construir carreira, e pular de para-quedas. Essa, pra one night stand, e vê-la nua. Quem sabe, por mais alguns dias. E ela que abandone os planos pra essa noite, pra quando o boy quiser. Um grande diferencial: uma tem metas, sonhos e delírios, além de um homem. A outra, deixa tudo de lado, por uma pessoa de carne e osso, como ela. Vida própria, não existe. E amor próprio, menos ainda. Amigas, adeus. Colégio, de mal a pior. E o que ela ganha, é apenas estabilidade (com tempo marcado) e segurança. Uns chifres na cabeça, que a sociedade é ainda muito machista e hipócrita. Tradução: tédio e enganação. Os homens escolhem quem vão namorar, mas na maioria das vezes, não tem o mesmo poder sob quem os faz comprar uma aliança para dois. O coração, e a vontade de ter ao lado deles alguém livre, independente e equilibrada, somada ao amor por uma criatura singular e diferente, é o que dá liga. É o que embarca os sonhos. Fazer outra pessoa ter vontade, e não, ser pego pela barriga ou pelas circustâncias (leia-se: gravidez ou comida, tudo aqui vale). Depois da centésima decepção, e a volta de mais um ex-qualquer-coisa, é o que concluo. Acreditem: tenho mais de quatro no pé, ou melhor, nas mãos. E tão fugaz e excêntrica, não quero nenhum deles. O timer já tocou faz tempo, i'm sorry. É isso, entendi sim.

Sabe qual é o pior tapa? O pior tapa não é o que vem da mão mais suja. Não é aquele que vem da mão mais rude. Não é também o que vem da mão mais forte. O pior tapa? É o que parte da mão que confiamos!

Strip-Tease


Chegou no apartamento dele por volta das seis da tarde e sentia um nervosismo fora do comum. Antes de entrar, pensou mais uma vez no que estava por fazer. Seria sua primeira vez. Já havia roído as unhas de ambas as mãos. Não podia mais voltar atrás. Tocou a campainha e ele, ansioso do outro lado da porta, não levou mais do que dois segundos para atender. Ele perguntou se ela queria beber alguma coisa, ela não quis. Ele perguntou se ela queria sentar, ela recusou. Ele perguntou o que poderia fazer por ela. A resposta: sem preliminares. Quero que você me escute, simplesmente. Então ela começou a se despir como nunca havia feito antes. Primeiro tirou a máscara: ‘Eu tenho feito de conta que você não me interessa muito, mas não é verdade. Você é a pessoa mais especial que já conheci. Não por ser bonito ou por pensar como eu sobre tantas coisas, mas por algo maior e mais profundo do que aparência e afinidade. Ser correspondida é o que menos me importa no momento: preciso dizer o que sinto’. Então ela desfez-se da arrogância: ‘Nem sei com que pernas cheguei até sua casa, achei que não teria coragem. Mas agora que estou aqui, preciso que você saiba que cada música que toca é com você que ouço, cada palavra que leio é com você que reparto, cada deslumbramento que tenho é com você que sinto. Você está entranhado no que sou, virou parte da minha história.’ Era o pudor sendo desabotoado: ‘Eu beijo espelhos, abraço almofadas, faço carinho em mim mesma tendo você no pensamento, e mesmo quando as coisas que faço são menos importantes, como ler uma revista ou lavar uma meia, é em sua companhia que estou’. Retirava o medo: ‘Eu não sou melhor ou pior do que ninguém, sou apenas alguém que está aprendendo a lidar com o amor, sinto que ele existe, sinto que é forte e sinto que é aquilo que todos procuram. Encontrei’. Por fim, a última peça caía, deixando-a nua ‘Eu gostaria de viver com você, mas não foi por isso que vim. A intenção é unicamente deixá-lo saber que é amado e deixá-lo pensar a respeito, que amor não é coisa que se retribua de imediato, apenas para ser gentil. Se um dia eu for amada do mesmo modo por você, me avise que eu volto, e a gente recomeça de onde parou, paramos aqui’. E saiu do apartamento sentindo-se mais mulher do que nunca.

Então, que seja doce

Então, que seja doce. Repito todas as manhãs, ao abrir as janelas para deixar entrar o sol ou o cinza dos dias. Bem assim: que seja doce. Quando há sol, e esse sol bate na minha cara amassada do sono ou da insônia, contemplando as partículas de poeira soltas no ar, feito um pequeno universo. Repito sete vezes para dar sorte: que seja doce, que seja doce, que seja doce, e assim por diante. Mas, se alguém me perguntasse o que deverá ser doce,talvez não saiba responder. Que seja doce o dia quando eu abrir as janelas e lembrar de você. Que sejam doce os finais de tardes, inclusive os de segunda-feira - quando começa a contagem regressiva para o final de semana chegar. Que seja doce a espera pelas mensagens, ligações e recadinhos bonitinhos. Que seja doce o seu cheiro. Que seja doce o seu jeito, seus olhares, seu receio. Que seja doce a leveza que eu sentirei ao seu lado. Que seja doce a ausência do meu medo. Que seja doce o seu abraço. Que seja doce o modo como você irá segurar na minha mão. Que seja doce. Que sejamos doce. E seremos, eu sei...

Tudo o que você não soube

Sou obsessiva. Completamente. De certa forma, creio que essa característica tenha me ajudado a ser quem sou, mas ela é burra no que se refere ao amor. Eu quero que o outro - qualquer um, qualquer um, qualquer um mesmo, quando esse um está disfarçado em nomes próprios - tenha a noção de como seria incrivel viver aquele um- pouco- a mais comigo. Os meu desejos... Os meus prazeres... Os meus segredos... As minhas taras... As minhas reticências... Mas a minha maior burrice é não perceber que não ter esses momentos não significa que nada disso exista. E existir é o melhor que tenho a fazer, ponto. Posso estar bem comigo mesma.

Viver não dói

"A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade. A dor é inevitável. O sofrimento é opcional."

Eu à toa sou tua

Eu triste sou calada
Eu brava sou estúpida
Eu lúcida sou chata
Eu gata sou esperta
Eu cega sou vidente
Eu carente sou insana
Eu malandra sou fresca
Eu seca sou vazia
Eu fria sou distante
Eu quente sou oleosa
Eu prosa sou tantas
Eu santa sou gelada
Eu salgada sou crua
Eu pura sou tentada
Eu sentada sou alta
Eu jovem sou donzela
Eu bela sou fútil
Eu útil sou boa
Eu à toa sou tua.

Urgência

Tenho urgência de ti, meu amor. Para me salvar da lama movediça de mim mesmo. Para me tocar, para me tocar e no toque me salvar. Preciso ter certeza que inventar nosso encontro sempre foi pura intuição, não mera loucura. Ah, imenso amor desconhecido. Para não morrer de sede, preciso de você agora, antes destas palavras todas cairem no abismo dos jornais não lidos ou jogados sem piedade no lixo. Do sonho, do engano, da possível treva e também da luz, do jogo, do embuste: preciso de você para dizer eu te amo outra e outra vez. Como se fosse possível, como se fosse verdade (e na verdade é), como se fosse ontem e amanhã.

Vale a pena

Não quero alguém que morra de amor por mim. Só preciso de alguém que viva por mim, que queira estar junto de mim, me abraçando. Não exijo que esse alguém me ame como eu o amo, quero apenas que me ame, não me importando com que intensidade. Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim. Nem que eu faça a falta que elas me fazem, o importante pra mim é saber que eu, em algum momento, fui insubstituível. E que esse momento será inesquecível. Só quero que meu sentimento seja valorizado. Quero sempre poder ter um sorriso estampando em meu rosto, mesmo quando a situação não for muito alegre. E que esse meu sorriso consiga transmitir paz para os que estiverem ao meu redor. Quero poder fechar meus olhos e imaginar alguém. E poder ter a absoluta certeza de que esse alguém também pensa em mim quando fecha os olhos, que faço falta quando não estou por perto. Queria ter a certeza de que apesar de minhas renúncias e loucuras, alguém me valoriza pelo que sou, não pelo que tenho. Que me veja como um ser humano completo, que abusa demais dos bons sentimentos que a vida lhe proporciona, que dê valor ao que realmente importa, que é meu sentimento. e não brinque com ele. E que esse alguém me peça para que eu nunca mude, para que eu nunca cresça, para que eu seja sempre eu mesmo. Não quero brigar com o mundo, mas se um dia isso acontecer, quero ter forças suficientes para mostrar a ele que o amor existe. Que ele é superior ao ódio e ao rancor, e que não existe vitória sem humildade e paz. Quero poder acreditar que mesmo se hoje eu fracassar, amanhã será outro dia, e se eu não desistir dos meus sonhos e propósitos, talvez obterei êxito e serei plenamente feliz. Que eu nunca deixe minha esperança ser abalada por palavras pessimistas. Que a esperança nunca me pareça um “não” que a gente teima em maquiá-lo de verde e entendê-lo como “sim”. Quero poder ter a liberdade de dizer o que sinto a uma pessoa, de poder dizer a alguém o quanto ele é especial e importante pra mim, sem ter de me preocupar com terceiros. Sem correr o risco de ferir uma ou mais pessoas com esse sentimento. Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão. Que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades e às pessoas, que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim. E que valeu a pena.

Com amor, da sua melhor amiga

Você é sempre tão boa, que nem sei como começar a falar de tudo isso. Tenho medo que algo fira a sua sensibilidade cor-de-rosa, ou despedace os seus sonhos de Pollyanna. Porque você sempre me diz que há um outro lado que pode ser belo, uma outra visão que vale a pena observar, contra-pontos que merecem algum respeito. E por mais que eu não siga seus conselhos amáveis e dóceis, eu os escuto. Te vejo, e penso comigo: como pode, tanta ingenuidade? Quem colocou todas essas idéias coloridas e desconexas dentro do seu pensamento, e deixou você acreditar que tudo era assim: mil possibilidades, outro lado da moeda, sonhos intrínsecos, sorriso no rosto? Não cansa não, acreditar no amor assim, tão fervorosamente que beira o fanatismo? Você gosta de dar chances, uma, algumas, cinco, mil? E cai sempre nos mesmos erros, na mesma arapuca. Fico com pena, e então algumas lágrimas caem dos seus olhos escuros, que não fazem barulho algum, mas mexem comigo por dentro, e apenas rolam entre as maçãs da tua face corada. Não sei o que dizer, justamente pela sua fala eloqüente, que não cessa nunca. Pelas palavras bonitas que você desemboca, sempre na hora certa. E qualquer coisa que te digas, parecerá meio clichê, meio zombeteiro. Mesmo com uma coleção de saias cintura-alta, e vários pares de sapatos, ouço da tua boca: não é isso que me faz feliz. Ou faria. Queria que a sorte estivesse na casa do amor, e saísse logo do jogo. E falo para você, que quer abraçar o mundo e correr com o tempo, ter calma. Sei que estás em paz, que o que exaspera é logo essa calmaria, constante. E não há mais muito o que fazer, a não ser te lançar um olhar de cumplicidade, daqueles do tipo "eu estou aqui". Sabendo que na verdade, quem estará lá, sempre pros outros, e quase nunca para si, é você. Fica difícil acreditar que você é a mesma que provoca na noite, com o drink magenta na mão, e que no outro dia se esconde atrás de óculos-enormes-escuros, e movimentos em slow motion. Que cumprimenta tímida os vizinhos, e canta alto músicas que tocam a alma. Que faz rir nos momentos em que a gente quer morrer, e chora baixinho e como criança, por pisarem no seu pé. Ou quem sabe, no seu coração. Te ver crendo cega em todo esse amor que tens aí dentro, dá vontade de amar também. Qualquer coisa, um animalzinho, as maquiagens novas, ou aquele cafajeste, que combinamos de chutar, e nunca adianta muito - a carne é realmente muito fraca. Quando ficas quieta, há algo errado. E mesmo não sabendo o que é, compartilhamos de um silêncio cúmplice, embebido em intimidade. Logo depois, estamos comentando sobre como somos azaradas, e planejando o que terá, e o que ficará definitivamente de fora, nos nossos casamentos. Analisando cada detalhe de qualquer conversa, e revendo, rebobinando por horas à fio tudo o que aconteceu, tentando encontrar compulsivamente alguma culpa, além da nossa em existir. Tendo a certeza completa de que, por mais que a gente caía e levante com alguma força ainda maior, veloz, temos ainda bengalas bonitas pra toda essa reabilitação, ou fisioterapia: a amizade uma da outra. Mesmo sendo diferentes ao extremo. Em gostos musicais, ou degustativos. Na dança, na festa, ou na ópera. Alguns conselhos, que sei que na sua personalidade forte, não seguirás: não acredite em tudo, nem no que ouve, muito menos no que vês. Atitudes, por mais ferinas ou bruscas, dizem muito mais do que qualquer palavra bonita, cantarolada ao pé do ouvido. Prefira a simplicidade, ao luxo. O normal, ao difícil. Sei que querer o impossível não te cansa, mas uma hora, é preciso descansar. Não se esconda em casa, e continue aproveitando toda terça, quinta, ou sábado. Quem sabe, às sextas. Não deixe de beber, mas continue como está: moderadamente. Se sinta linda, porque é isso que você é - ma-ra-vi-lho-sa. E não sou eu quem te digo, o que é melhor. É o menino da festa, o açougueiro da rua, o excecutivo de terno que agora passa. Se você se sentir deslumbrante, assim será. E por fim: não se esconda nunca. Se ache, se encontre. Nas atitudes que a sua intuição e impulsividade fazem ocorrer, ou naquilo que pensa ser o certo, mesmo que certeza nenhuma exista.
Com amor, da sua melhor amiga,
Camila Paier.

O velho, o cachorro e a gota de suor

Estou sentada com você ao meu lado. A magreza do seu joelho me parece ser nesse segundo a única coisa que realmente faz o mundo girar. Olho pro seu joelho e quero uma página branca de Word pra escrever "a magreza do seu joelho me parece tão forte agora que faz o mundo inteiro girar". Como é bonita toda a sua magreza e toda a sua altura e o seu andar de coqueiro que dança, se espalha, seduz o ar, mas é tão preso no chão que ainda mata sedes. Está escurecendo e daqui seis horas é ano novo. Preciso começar do zero. Combinei comigo que vou escrever sobre outras coisas e não mais sobre essa única coisa sobre a qual escrevo. Veja você que estava eu com um cara até ele ler meus textos. Veja você que depois eu estava com outro cara até ele também ler meus textos. Te conto isso e você me diz "nós somos inseguros demais e queremos uma garota normal, entende?". Passa então um velho com um cachorro apesar da placa dizendo que é proibido cachorro na praia. E eu tento desfocar do tanto que o seu joelho me oprime e foco no velho. Não quero mais a página em branco do Word. A verdade, meu querido, é que estou cagando para o velho e seu cachorro e para a placa e para a praia. Você com seu joelho e com seu riso largo demais para o charme de maldade que você tenta impor. Você com essa única gota minúscula de suor dependurada no queixo. Você com esse cheiro bom que é mais forte dentro da "canaleta" que vai do centro do seu pescoço até o meio das costas. Você com esse buraco no meio do peito. O que é isso? Você levou um tiro? O que é isso que me dá vontade de te afundar um murro do tamanho da sua pose ou ficar pequena pra dormir de conchinha no centro do seu peito? Olhando para o cachorro que agora vai longe com o velho, Clarice faria um lindo texto sobre a solidão humana ou sobre o fim da vida ou sobre a amizade sem palavras ou sobre como é mais bonito quando um ser aceita ser inferior. Os barbudos melancólicos eternamente tentando inventar um novo jeito de ser o antigo. Os barbudos melancólicos do Mercearia fariam um texto sobre esse velho trepando com o cachorro, sobre a tentativa de não se vender ao sistema e contemplar a vida numa praia, andando com um cachorro. Eles fariam esse texto e se celebrariam e se publicariam e se premiariam. E eles são escritores respeitados. Eu sou apenas a garota angustiada, de cabeça metralhadora, de tremedeira na existência, de maxilares travados de tanto que dói gostar tanto de tudo. Eu sou apenas a garota que tenta ser amada. E sou profundamente amada por alguns meses, até o garoto segurar firme a minha mão e dizer "nós somos inseguros e queremos uma garota normal". E então eu me pergunto se não deveria lobotomizar meu cérebro pra pensar menos, lobotomizar meu coração pra sentir menos, lobotomizar meu espírito pra estar agora menos obcecada pelo seu joelho magrelo. E então eu falaria pouco, teria alguma profissão sonsa dessas que a pessoa fica em cima de apostilas na madrugada ao invés de estar abaixo das estrelas e você poderia me dar a sua mão magrela e nós andaríamos pelas ondinhas secas que fazem bordas de espelho para nossas pernas que seguem juntas. Ou, se ser escritora fosse forte demais, que eu começasse então a escrever sobre o velho e o cachorro. Quem quer bancar a menina que escreve sobre suores e joelhos e cheiros? Eles são inseguros e querem uma garota normal, entende? Você agora penteia o cabelo pra trás, a gotinha de suor pinga na areia fazendo uma lágrima. Você se levanta e vai nadar sozinho. Antes, você se esbarra inteiro no meu corpo, como sempre faz só pra me atordoar e só porque é bem legal ter uma mulher como eu prestando tanta atenção em vocês. Vocês saberiam melhor o que fazer se eu fosse normal, mas algo dentro dessas covardias machistas simplórias e primatas ainda consegue distinguir como é bem legal ser admirado por uma mulher como eu. Antes de me deixar pirando em toda a sua magreza que flutua pelo mundo como uma música leve e impossível de tirar do repeat, você olha pra trás e diz: "mas deve ter alguém que não tenha medo". E eu jamais poderia escrever sobre o velho e sobre o cachorro, até porque eles desapareceram e eu nem percebi.

All we need is love

Sabe aquele cara, que diz que não tem tempo pro amor, que quer se focar nos estudos, trabalho, ou atividade física, e que tem preferido ficar sozinho? Ele quer se apaixonar. Desesperadamente. Sem culpa, dó, dor ou remorso. Quer alguém que o faça perder o sono, cair nas horas, e sonhar acordado. Que mude a sua existência, marque e fique. Nem que seja temporariamente, que entre pra sua história pessoal. Pro acervo da memória, resguardada, íntima e interna. Não só ele, assim como o menino que vai pra festa, e pega várias. Ou aquele seu amigo que tem uma agenda telefônica imensa, e uma solidão que quase pula pra fora, no peito. Se vangloria de ter levado um número grande de garotas pra cama (quando deveria é agradecer, de não ter pego nenhuma DST - ainda.) Todos querem é cair de amores. Não me contradigam: é verdade. Até o mais canalha dentre todos os cafajestes que já apareceram na sua vida. Pode apostar. Quando vai dormir, pensa em ter alguém pra fazer um cafuné quando ele bate o carro, está se gripando ou o dia fica pesado. Alguém com quem possa viajar, curtir um som em paz, e dormir com cumplicidade. Acordar, e saber que está ali - por ele, para ele. Querer ao seu lado com urgência, paixão. Ligar a qualquer hora para dizer: ei, como foi o seu dia? Porque ele realmente se importa, e quer saber. E não para cumprir tabela, e largar fora depois, feito cotonete usado. Contar suas histórias, seus dilemas, sabendo escutar com ouvido atento tudo que lhe é dito; tamanha fome de informação, sem detalhes perdidos pelo caminho. Um pouco de ciúme, que é pra apimentar periodicamente. Mistério, para que se vá descobrindo aos poucos, e encantando-se ainda mais. Alguém que apareça, e faça mudar de idéia e princípios, teoremas. Cometer loucuras, furtivas e inesquecíveis. Mesmo que amanhã tenha que acordar cedo e as tarefas sejam muitas. Que ainda seja cedo para pensar no futuro. Sentir é que é o ápice. E não é atrás disso que todos estamos, sempre? Aquele brilho no olho, que conta muito mais do que qualquer convite rebuscado, cheio de estilo. Um sorriso tímido, que feito figurinha, cola no inconsciente, e visitamos, sempre que queremos um minuto de paz. Dois corações acelerados, na mesma frequência exata, sem querer saber do resto do mundo, de nada. Ter em quem pensar, quando os comerciais românticos aparecem, ou a pegação fica mais forte nas cenas que a televisão reproduz. Uma mão que te toque sem maldade, malícia ou posse: apenas amor. Vejam vocês, amor. Primeiro uma paixão que incendeia, e abrandada, vai ficando, e tornando a ficar, marcando a ferro e fogo, iniciais e letras, lá dentro, fundo. Love is all you need. É mesmo! Como num sonho bonito que sonhamos, mas muito melhor: sem beliscão pra acordar, e sim duas bocas que se sentem, pele com pele que se tocam. E é disso que estamos atrás. Tanto eu, como você. E o caminhoneiro, que assobia a cada bundinha redonda que vê passar pelas ruas. Aquele executivo, terno bem passado e gratava no lugar, e seu casamento de fachada. O seu amigo que coleciona calcinhas que cada par de pernas abertas que explorou, e também aquele moço que diz não querer o amor, nem nada que lhe tire o foco, a atenção. Mentira dele. Todos queremos escutar sininhos e sinetas, ver pássaros azuis, e anjos. Ir até o outro lado do mundo, se preciso. Ninguém está fechado para balanço, porque quando o tal amor entra em jogo, tudo se abre, sem revisão e dúvida alguma. O que não admitimos é perder tempo com aquilo que não nos faz ter o mínimo de decência e consideração - e que seja muito mais que apenas tesão. (Camila Paier)

Keep calm and carry on


Ela me disse: o amor é paciente. É, talvez seja mesmo. Eu é que não o sou. Quem sabe essa minha falta de persistência, e o meu pavio - tão curto, tão altamente tóxico - sejam o que me faça sempre me apaixonar, mas nunca amar como de fato o amor merece ser vivenciado e construído: em estado de paz. Eu, que ou explodo, ou esfrio. Que mordo, para depois assoprar. Caio de amores, ou fujo às pressas. Porque o tempo é curto, é agora e amanhã, e a cada dia perdido sinto como se fosse menos um na memória, e mais um na pilha desses tantos, desinteressantes. O preço que a pressa me custou: deixar tudo pela metade, e aprender no cuidado das feridas próprias a exercer o pensamento amplificado. Aquela muito dita, e nunca antes por aqui erguida: a calma. A inabilidade para mensurar bases sólidas para que os queridos que tanto desejei se abrigassem, seguros. Sãos, salvos. Correndo tão louca pra cá, pra lá, pra onde nem sei, pra algum abismo, afim de entender tudo que se passa no peito. Sem encontrar respostas nunca, aumentar o passo. Ritmar os fatos. Cadenciar acontecimentos. E nunca realmente me saciar dessa paz, que pode ser de espírito ou do corpo, e que nem ao menos conheço, porque nunca obtive. Se hoje te amo, é natural que amanhã passe a te detestar. Meus processos são momentâneos, fugazes. Tão intensos, que duram apenas frações de segundos que pedem para ficar, e se escorrem nos cálculos inexatos do meu peito acelerado. No susto dessa minha verdade, sempre tão dita que chega a passar por confusa. Se não sair como o esperado, não há plano B ou segunda intenção por trás de nada. Há um impulso por trás deste que já foi e aguardo o retorno: o feedback veloz é essencial e alimenta aqueles que vivem e deixam morrer, um dia após o outro; se consomem na própria intrepidez. A urgência, uma companheira de vida, de células e DNA, de tropeços e falhas, de êxitos e condecorações, tem se ausentado de seu trono. Por vezes vazio, quem tem me dado um bocado de atenção é sua substituta contrária, a qual sempre desprezei: calmaria. Que no nome carrega nome de santa, e tem sido até mesmo um remédio. Sobrenome: pasmaceira. Com movimentos tão lentos, acalma o que passou, sossega o que virá. Faz esquecer as tão agitadas expectativas, os pensamentos já exaustivamente rodados e frenéticos, para que então pincelem-se aquarelas de tons pastéis, de vivência registrada, concentrada e também (por que não?) marcante. Redecoro antigos padrões, velejo a navegação íngreme por oceanos até então anônimos. Respiro perfumes antes desprezados, na correria vivaz a que me submetia. Observo, calo e consinto: vejo velhos conceitos se confirmarem, e alguns intuitos se irem por água. A renovação da pequena mudança de compasso tem sido melhor que o recomendado - antes por mim, nunca seguido. A grande corrida a que vivia, pelas brandas manobras de tai chi: contornadas com tanto cuidado, que a margem de erro é praticamente inexistente. Uma troca e tanto. A visão atual de detalhes e ideias prolongadas, refeitas e atualizadas, antes encobertas pela névoa mal vista que era o reflexo de estar sempre tão alucinada em busca do que quer que fosse - descobertas. Pinto hoje o que desejo para amanhã. Trabalho no que penso, antes de sair realizando com projetos capengas, e planos mal ajambrados. Dou à duração dos fatos o genérico tempo: para que amadureçam, para que me surpreendam, para que com consciência e alguma faísca impetuosa as realizações sejam uma realidade, e do livro dos sonhos se retirem. A boa dosagem de um tanto do que traz serenidade, com a outra parte que de mim nunca sairá, que ateia chama e manivela ações: o impulso. O que nos recusamos a aprender por bem, a vida nos faz conhecer na marra. Ter calma tem sido a recuperação mais vagarosa e sábia que me sentenciaram todos os furtivos erros que cometi na vontade louca de acertar. Levo o kit de fósforos, fogo e rapidez no fundo falso da bolsa diária: nunca se sabe quando se reencontrar com a essência que já muito flamejou e hoje é usada em ocasiões especiais se torna também uma alternativa de caminho, um desvio interessante. (Camila Paier)

domingo, 23 de janeiro de 2011

Os Sete Sorrisos


Ele: Eu simplesmente observo cada detalhe seu de ser.
Ela: Como assim?
Ele: Eu te conheço tão bem, quem sabe até mais que você mesma.
Ela: Você não me conhece não!
Ele: Sabia que você tem 7 diferentes formas de expressar seu humor?
Ela: Tenho? Como?
Ele: Seu sorriso.
Ela: Como você sabe de meu humor pelo sorriso?
Ele: Você tem 7 sorrisos diferentes...
Ela: Então diz, quero só ver. (risada)
Ele: Primeiro sorriso, Quando você está chatiada com alguma coisa, você não sorrir por inteiro, tem aquele sorriso sonso, amarelo, sem cor. Segundo sorriso, quando você está com ciúmes de mim, você solta aquela risada sem cabimento, sinto vontade de sair sem falar nada, por tamanha irônia de seu sorriso, mas eu te acho super linda escondendo ciúmes de mim. Terceiro sorriso, você está brava com alguém, e acaba sorrindo como se estivesse com aquelas risadas de desenhos animados, tipo, maléfica, acho muito linda você com raivinha. Quarto sorriso, você chorando e sorrindo, é um sorriso limpo, como se você mudasse rapidamente de um estado ruim para um estado calmo e bom, eu fico feliz quando consigo te fazer sorrir quando está chorando, muito feliz mesmo...
Ela: Para.. :$
Ele: Não quer que eu termine?
Ela: Não, eu quero só que você me abrace, e diga que será sempre assim, observador só de mim.
Ele: Com uma condição.
Ela: O que você quiser...
Ele: Aceitar namorar comigo... (pega uma caixinha do bolso)
Ela: (silêncio)
Ele: Aceita? (abre a caixinha, dentro um papel escrito: Tô sem dinheiro, mas logo compro um anel lindo pra colocar em seu dedo amor.)
Ela: (sorri e o beija)
Ele: (fala entre o beijo) Acabei de descobrir outro sorriso teu.

(Diario Secreto)

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O que me traz inspiração é a dor, as perdas, o sofrimento, e disso eu me sinto distante.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Saudade

Sinto saudades das coisas que vivi e das que deixei passar, sem curtir na totalidade. Quantas vezes tenho vontade de encontrar não sei o que... Não sei onde... Para resgatar alguma coisa que nem sei o que é e nem onde perdi... Vejo o mundo girando e penso que poderia estar sentindo saudades em japonês, em russo, em italiano, em inglês... Mas que minha saudade, por eu ter nascido no Brasil, só fala português, embora, lá no fundo, possa ser poliglota. Aliás, dizem que costuma-se usar sempre a língua pátria, espontaneamente quando estamos desesperados... Para contar dinheiro... Fazer amor... Declarar sentimentos fortes... Seja lá em que lugar do mundo estejamos. Eu acredito que um simples ‘I miss you’ ou seja lá como possamos traduzir saudade em outra língua, nunca terá a mesma força e significado da nossa palavrinha. Talvez não exprima corretamente a imensa falta que sentimos de coisas ou pessoas queridas. E é por isso que eu tenho mais saudades... Porque encontrei uma palavra para usar todas as vezes em que sinto este aperto no peito, meio nostálgico, meio gostoso, mas que funciona melhor do que um sinal vital quando se quer falar de vida e de sentimentos. Ela é a prova inequívoca de que somos sensíveis! De que amamos muito o que tivemos e lamentamos as coisas boas que perdemos ao longo da nossa existência... (Clarice Lispector)

domingo, 16 de janeiro de 2011

Ser Feliz

É encontrar força no perdão, esperança nas batalhas, segurança no palco do medo, amor nos desencontros. Ser feliz não é apenas valorizar o sorriso, mas refletir sobre a tristeza. Não é apenas comemorar o sucesso, mas aprender lições nos fracassos. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um “não”. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta. Jamais desista de si mesmo. (Fernando Pessoa - Palco da Vida)

Amor e Ódio.

Sempre achei que ambas eram coisas passageiras e controláveis ao longo do tempo, que só deixa as pessoas enlouquecidas e insanas. Apesar de serem completamente distintas, os meus pensamentos sempre estiveram certos, ou quase. Quando ama, o ser humano fica enlouquecido pelo outro, se esquece de todas as regras e padrões, não se importa quem é que está amando, só quer de alguma maneira possuí-lo. Não negue que já fez planos mirabolantes para ficar ao lado de quem se ama. O amor e o ódio possuem uma linha fina que os delimitam, mas a diferença é que o amor cura, e o ódio destrói. O amor te une, a raiva destrói. Antes de agir com ódio, pense no amor, pois ele te salvará da solidão.